terça-feira, 31 de julho de 2007

avoid people. pizza only


segunda-feira, 23 de julho de 2007

tem jeito não

Como é que se faz? Como é que se administra uma coisa assim? Tão maior, tão delicada, tão íntima e ao mesmo tempo tão comum? É íntima porque dói no meu coração ter que passar um sábado e domingo como esse último, de sol tão gostoso, sem poder pensar em ir para a pracinha andar de skate. Ter que olhar praquele céu azulão da janela de casa e, uuuui, se esforçar para não lembrar que a praça lisa e livre já não existe mais. E se esforçar muito para não ficar triste tudo de novo.

A cidade, qualquer cidade, é um lugar difícil mesmo de se viver. Mas algumas exageram. São Paulo exagera
demais. São agressivos, desumanos demais, aqueles bancos de praça com divisórias anti-mendigo, como os da “nova” praça da República. As alçam dividem o banco em três partes individuais: assim ninguém deita, nunca. Não é ridículo? Pô, não é isso que vai fazer o mendigo deixar de existir! Nem a pobreza sumir, nada. Ao contrário, um banco assim afasta o abraço dos namorados, mata a espontaneidade que é a alma de qualquer praça. Intimida a todos. Intimida ao mendigo também. Mas, sorry, ele não vai deixar de mendigar nem de existir por causa disso.

Outra péssima. Aquelas lanças de ferro instaladas em qualquer muretinha ou degrau à tôa por aí. Apenas o suficiente pra ninguém poder sentar. Deve existir um milhão de exemplos, na cidade toda, dessa grotesca engenharia da exclusão. Fica lá a mureta, com 50 centímetros de altura, coroada por lanças de ferro. Na medida certa para não caber o bumbum de quem está cansado, esperando o ônibus, por exemplo. Por que raios?

E não vou nem falar daquela fenda nas grades da portaria dos prédios, aquela violência retangular. Na medida exata para deixar o entregador a uma “distância de segurança” do condômino. Pelo buraco, só passa a pizza. Tem coisa mais paulistana? Mais paranóica? Mais desumana?

PS: A história da pracinha do Alves continua na mesma. Depois da reunião com o subprefeito, nem mais um reles contato, nem mais um nada. Ficou o dito pelo não-dito. E a sensação de impotência diante de um jogo com cartas marcadas. Ouvi que “os moradores estão irredutíveis”. Hein? Quem teria de estar irredutível é o administrador público, a quem compete, repetindo o óbvio, administrar o que é público, pú-bli-co. Alguém ainda sabe o que é isso? Eu queria que todo o mundo soubesse. E que se praticasse mais a urbanidade, a civilidade, o exercício da tolerância, da convivência entre diferentes. Que é treta braba, eu sei, mas não tem jeito não. É inescapável.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

com o subprefeito

Ontem à tarde participei (meio dividida entre ser repórter ou cidadã reivindicante) de uma reunião entre skatistas, o subprefeito de Pinheiros e o secretário de Esportes da cidade.

O tema "skate na pracinha" não sairá na versão impressa da CartaCapital, mas os detalhes da reunião estão nas Últimas Notícias do site da revista:
http://www.cartacapital.com.br/noticias/2007/07/obra-anti-skate-em-praca-paulistana-sera-repensada-1

"Logo no início, o subprefeito admitiu que as enchentes não foram a única motivação da obra."
Bom começo.

"Na última semana, Nachle disse ter recebido 'mais de 200 e-mails' criticando a obra e pedindo o retorno do skate à praça."
Que delícia foi ouvir isso. Que bom que mais de 200 pessoas tiveram a atitude de escrever à subprefeitura. E quanta gratidão eu tenho à atitude tão generosa do Juca Kfouri, semana passada, ao colocar este modesto desabafo no "Blog do Juca" e, ainda, emendar com o link da subprefeitura, sugerindo o envio dos e-mails. Obrigada!

...Confesso que saí da reunião um tanto desconfiada. Sabe como é. A especialidade do político é ser habilidoso na conversa. A mesma habilidade usada para, na prática (nesse caso), tomar uma decisão que agradou o lado mais influente da história.

Espero, sinceramente, que os 200 e-mails tenham lhes pesado no ego. E que o subprefeito e o secretário de esportes consigam transformar o constrangimento em uma atitude inovadora e conciliadora. Dizem até que isso aí dá voto.

Se a reivindicação não der em nada, putz, se não der em nada... Continua-se. Dizem até que isso aí dá dignidade.